terça-feira, 18 de março de 2008

OS PRIMEIROS POEMAS DA IMPACIÊNCIA

Silva Dunduro


I
Tatuagens de lua
no corpo quente
da mãe-terra

e assim nua nua
no leito vermelho
virginal ainda
ela espera a semente

que tarda a chegar
que tarda a chegar

II
Que venham
mas não de braços cruzados
aqui amigos
o sexo vermelho da terra
lateja de febre e de cio
é preciso saciá-la

e depressa
que venham

sim que venham
mas repito não de braços cruzados
aqui amigos
aqui
a terra fenece
na fome de arados
que tardam a chegar

que tardam a chegar
ah! que tardam tanto a chegar.
Rui Nogar

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