quinta-feira, 5 de junho de 2008

Terra incógnita

Do dia 14 a 23 de Junho no "Auditório Conde Ferreira, Câmara Municipal de Sesimbra- Portugal, vai estar presente a província Niassa.
"Clicar" a imagem para vêr e lêr melhor.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

XENOFOBIA 3


Confrontos na África do Sul não são xenófobos
diz especialista
FERNANDA BARBOSA

A violência de sul-africanos contra imigrantes de outras partes da África --que teve início em 16 de maio e deixou ao menos 56 mortos-- não pode ser considerada xenofobia, na opinião da professora Leila Leite Hernandez, livre-docente em História da África e professora da faculdade de História da USP (Universidade de São Paulo).
"O problema é que o surto migratório é feito por pobres que vão competir no mercado de trabalho de uma mão-de-obra também pobre, com baixos salários".
"Não dá para atribuir a esses conflitos uma dimensão étnica. Não é xenofobia. Nem no Zimbábue, nem na Zâmbia, nem em Moçambique e nem na África do Sul", disse Hernandez, que também é autora do livro "A África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea", em entrevista à
Folha Online.

domingo, 1 de junho de 2008

XENOFOBIA 2

Para onde iremos quando a África do Sul estiver destruída?
Houve uma altura na minha vida em que procurei desesperadamente uma empregada doméstica porque não conseguia dar resposta ao trabalho, ao bebé e às tarefas domésticas.
Dirigi-me ao quadro de anúncios de uma loja de conveniências da vizinhança e anotei alguns contactos. Telefonei a um certo número de mulheres e marquei encontros com seis.
Uma delas, sul-africana, não apareceu, mas mandou-me um kolmi.
Quando lhe liguei, perguntou-me se podia ir buscá-la, porque não tinha dinheiro para o transporte.
Disse-lhe que outras cinco mulheres, que não eram sul-africanas, tinham conseguido chegar a minha casa à hora marcada. Uma delas até veio com uma criança às costas, na neneca.
Esse episódio, entre muitos outros, mostrou-me claramente que nós, sul-africanos, achamos que temos direito a tudo.
Achamos que o mundo nos deve alguma coisa.Isso é sobretudo verdade para os negros.
Não me levem a mal, mas, directamente ou indirectamente, pensamos que o apartheid é uma coisa a que nos podemos agarrar para podermos ser vistos como vítimas, e que tudo nos devia ser facilitado.
E aqui estamos nós, 14 anos após o início da democracia na África do Sul, ainda agarrados a 1976.
Muitos de nós não conseguem aproveitar o acesso à educação nem a oportunidade para aprender mais e marcar a diferença.
Por isso abusámos de pessoas que estão simplesmente a fazer os possíveis por ganhar a vida.
Os recentes ataques contra estrangeiros são a prova de que somos uma nação estúpida.
“Roubam-nos os empregos e violam-nos as mulheres”, dizem os responsáveis por centenas de crianças inocentes estarem agora a viver em tendas com as famílias.
Como é que alguém pode tomar em mãos o seu destino quando os sul-africanos, no velho estilo dos bairros negros, se sentam todo o dia a apanhar sol, na má língua e a queixarem-se dos estrangeiros que lhes roubam os empregos?
Como é que uma pessoa que se esforça tanto por arranjar emprego e por exercê-lo bem merece ser espancada e até queimada?
Não percebo como fomos engendrados como sul-africanos.
Sei que não temos todos a mesma mentalidade, e que há cidadãos instruídos que são completamente opostos a tais actos. Mas a rapidez com que esses ataques se espalharam é uma vergonha nacional.
Porque é que não participamos de forma tão rápida e colectiva em actividades de construção nacional?
E porque estamos tão dispostos a participar quando se trata de coisas que não só destroem vidas humanas como também a economia e a credibilidade do país?
Dizemo-nos uma nação civilizada? Tenho vergonha de ser sul-africana.Somos uma nação bárbara, e o nosso pior pesadelo.
Pergunto-me o que acontecerá quando finalmente atingirmos o objectivo de arruinar por completo o país – a economia, a credibilidade e os valores sociais – e precisarmos da ajuda dessas mesmas pessoas que andamos a matar.
Será que esperamos que esses países cuidem dos nossos filhos como fizeram no tempo do apartheid para regressarem à África do Sul como dirigentes instruídos, sábios e capazes?
Ou será que esses países também têm o direito de espancar os nossos filhos, de os queimar vivos e de os escorraçar como se fossem criminosos?
NOMFUNDO XULU In The Times, 26/5/2008 [Trad. José Pinto de Sá]
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