Opinião; Carlos Serra
Permitam-me deixar aqui algumas ideias canhestras.
Seja o que for que venha a decidir-se nas conversações entre o governo e a federação de transportadores, não se decidirá, certamente, aumentar as tarifas dos chapas.
Por outras palavras: só poderá decidir-se nada se decidir em termos de aumento.
O Estado está agora refém de uma má decisão, de uma precipitação, o de ter suposto que as pessoas aguentariam mais um peso à Sisífo: o seu destino é o de não aumentar as tarifas.
Se o fizer, se as aumentar, se as deixar aumentar, expõe-se ao alargamento da zona sísmica social já existente em Maputo e à perda drástica de legimitidade nas margens das eleições. Naturalmente que os transportadores têm todo o interesse em incrementar os seus lucros e por isso estão em posição aparente de vantagem.
Mas também eles são agora reféns do povo: se embarcam em aumentos, o povo embarca em terramotos sociais.
Finalmente: o Estado, que aprendeu a tornar-se refém dos transportadores privados e que por isso tem que arcar com ónus do problema, parece ainda não se ter lembrado de reactivar a empresa de transportes públicos, empresa cuja frota ainda não requisitou quando o povo vive dificuldades.
Se o Estado abdica disso e se deixa tudo ao bom-senso de um acordo razoável com os transportadores, abdica do seu povo. Se abdica do seu povo, pagará uma cara factura política. Neste momento, de nada adianta estar a atribuir aos marginais, aos arruaceiros, as causas de um problema, de um sismo social que nada tem a ver com marginais.
Ou melhor dito: tem a ver sim, tem a ver com os marginais, com os marginalizados do bem-estar, com os excluídos de um sistema social que os produz e reproduz diariamente.
1 Comentários:
A minha opinião é de que deviam corrigir a palavra openião....
Mas a foto, Sergio, é linda!!!!! Parabéns!
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