segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Mais do que máquinas precisamos de humanidade !!

"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar todos, se possível, judeus, gentios… negros… brancos.Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo, não para o seu infortúnio. Por que temos de nos odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, desviamo-nos dele. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios.
Criamos a época da produção veloz, mas sentimo-nos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz em grande escala, tem provocado a escassez. Os nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; a nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.
Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura! Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo estará perdido.
"Charles Chaplin Discurso proferido no final do filme “O Grande Ditador”.
Com a devida vénia; www.doismaisdoisigualacinco

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Conselho Constitucional Mocambicano

Foto; Sérgio Santimano-Ilha de Mocambique 2003

Tráfico-Contrabando-Máfias...

O "jornal Zambeze" (infelizmente desprovido de sítio actualizado) tem vindo a publicar uma importante - e corajosa - reportagem sobre as redes de tráfico de droga.
Esta semana o 5º capítulo: nomes, fotografias, interesses, empresas (de cobertura), passado e presente.
Está transcrita no Manuel Araújo.
Hoje de manhã ao comprar o jornal o ardina conta-me, com a excitada concordância dos cigarreiros vizinhos, que a edição foi quase completamente comprada na noite de ontem, por homens daquele mundo retratado.
Assim em grande parte desaparecida das bancas.
Mais tarde dizem-me que o jornal está a ser vendido amputado das duas páginas alusivas.
Mas que amanhã mais exemplares serão impressos e postos à venda.
Um filme negro, anos 30s.
Só que a sério.
Perigosamente a sério.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Depois de Manhenje

texto de Marcelo Mosse
Lêr mais aqui;
http://www.integridadepublica.org.mz/

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Fotografia


Parece-me que Serralves não conseguiu, ou nem sequer tentou, passar a informação de que David Goldblatt é possivelmente o maior, o mais importante, fotógrafo actual.
Não é uma questão de longevidade (não é só o maior fotógrafo vivo), embora ele continue, de facto, uma carreira com 58 anos de actividade, que foi tardiamente consagrada e posta em circulação mediática já depois de 2000.
O que aqui importa, para lhe chamar o maior fotógrafo do presente, é que aos 77 ou 78 anos, DG ampliou com grande energia e inventividade a sua obra com a passagem à cor, à impressão digital, ao grande formato, avançando ao mesmo tempo da imagem isolada para a instalação de dípticos e a criação de trípticos, como se pode ver em Serralves, numa exposição de obras muito recentes e algumas inéditas que é também uma revisão da carreira sob uma nova abordagem. Novas pistas temáticas e diferentes maneiras de ver tornam ainda mais exemplar (e único) o trabalho de um fotógrafo que interroga a história, a situação actual e o futuro possível do seu país, a África do Sul.
É tambem por nos mostrar o que sabe da África do Sul (com tudo o que este país significa e importa no seu continente e no mundo) - e por nos mostrar como a fotografia pode hoje como sempre (e sempre por novos caminhos) investigar e documentar uma história, um lugar e as suas contradições e conflitos, que DG é o mais importante fotógrafo do presente.
Ao apresentar as suas fotografias na inauguração (e na gravação que se irá poder ouvir no audio-guia da exp.), ao comentá-las numa sessão pública no dia 26 em Serralves, respondendo às questões do comissário Ulrich Loock e do público, David Goldblatt foi tb, em pessoa, o mais fascinante dos fotógrafos, o mais lúcido e empenhado informador sobre o seu trabalho.
Ter conseguido cruzar o mundo da chamada arte contemporânea (Documenta, MACBA, Serralves...) e os circuitos da fotografia (Arles, por exemplo), ambos tendencialmente fechados sobre si mesmo, é igualmente um dado importante, com o qual a sua obra tb abre e consolida caminhos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

ELOGIO AO AMOR

foto, Sérgio Santimano "Suécia - Verão 2008"
Miguel Esteves Cardoso
'Quero fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver umamor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito.
Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causada casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em 'diálogo'.
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. Apaixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam 'praticamente' apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, doamor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como osde hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do 'tá tudo bem, tudo bem', tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim,a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é paraser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso 'dá lá um jeitinho sentimental'.
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novoscasalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vA A romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questãode azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu,a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A 'vidinha' é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá paraperceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha,não larga, não compreende. O amor é uma verdade.
É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se podeceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.'
Com a devida vènia ao meu "correspondente de Inhambane" !!!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Festival Cinema....

Blow Up
Um filme de; Antonioni.
A terceira edição do Festival de Documentários de Maputo.
Leia mais aqui ;
http://www.dockanema.org/index.html

domingo, 7 de setembro de 2008

Moçambique: 7 de Setembro, 34 anos depois....

Samora Machel, Mário Soares e Kenneth Kaunda Lusaka, 7 de Setembro de 1974

Faz hoje 34 anos que foi assinado o acordo de Lusaka entre Portugal e a FRELIMO.
As conversações, que decorreram entre 5 e 7 de Setembro de 1974, prepararam o processo de descolonização e fixaram a independência para 25 de Junho de 1975.
Desde o dia 5 de Setembro que Lourenço Marques era palco de diversas manifestações de apoio à FRELIMO.

No Estádio da Machava, as negociações eram acompanhadas por milhares de pessoas em clima de festa. O comício era contínuo.

Foi organizado por sectores ligados à FRELIMO, e apoiado por grupos de esquerda da capital, tais como os Democratas de Moçambique, o LEMA e a Associação Académica de Moçambique. Mas, à direita, as posições extremavam-se e tentavam travar o processo que conduziria Moçambique à independência.
Muitos que não concordavam com o rumo que a História estava a levar, tentavam uma solução tipo Rodésia.
A 7 de Setembro de 1974, adeptos do FICO, militares portugueses, muitos brancos e alguns negros ocuparam no Rádio Clube de Moçambique.
Auto-denominavam-se Movimento Moçambique Livre e atribuíam a sua revolta directa ao arrastar de uma bandeira portuguesa na baixa da cidade.

Acusavam os simpatizantes da Frelimo de serem os responsáveis pela provocação. Mas, em causa, estava mesmo o acordo de Lusaka e a inevitabilidade da independência a 25 de Junho. Uma enorme multidão concentrou-se em frente ao RCM. Foi o começo de 4 dias de conflitos.
Um grupo de revoltosos assaltou a Penitenciária e libertou todos os presos.
Entre eles estavam vários agentes da PIDE/DGS.
Alguns grupos chegaram mesmo a controlar os CTT e o Aeroporto.
Em Lourenço Marques o saldo foi trágico.
Os confrontos e ataques entre os revoltosos e os apoiantes da Frelimo causaram um número indeterminado de mortos.
Não há dados certos, mas poderão ter morrido entre 300 a 1.500 pessoas.
Em Lusaka, as delegações de Portugal e da FRELIMO mantiveram o acordo.
A 12 de Setembro chegou a Lourenço Marques o Alto-Comissário português, Vítor Crespo, e no dia seguinte, pisaram o solo da capital os primeiros dirigentes da Frelimo que iriam integrar o Governo de Transição.
A tomada de posse ocorreu a 21 Outubro.
Tinha como Primeiro-Ministro Joaquim Chissano.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Spain, CORDOBA

Veija mais; www.masasam.com