É o que, de há uns dias a esta parte, se tem lido nos jornais que nos dão igualmente conta de que já está a tratar-se dos passaportes de ambos.
Uma destas noites, no noticiário da RTTL, dizia o responsável da prisão que sim, Railós tem uma doença de pele, está inchado, embora os jornais digam que se trata de problemas de tensão (não percebi se hiper se hipo); quanto a Salsinha, acrescentou o responsável, está doente, sim, mas são essas coisas normais da época, está com “mear” que é o mesmo que tosse e “inus metin” que significa “nariz tapado”, constipado...Parece ainda que um ou outro, não me lembro qual, está tuberculoso.
Portanto, adianta o jornal, Railós está para sair agora, Salsinha, depois...Pois é verdade que os há imensos outros timorenses doentes com problemas de tensão hiper e hipo, coração, tuberculose, SIDA, epilepsia, lepra... E também é verdade que há mais de um mês anda para aí um vírus à solta que traz meio mundo doente, com tosse, constipação, resfriados, alguns até com “issin manas” ou febre. Há pra´í muita gente de “tissu” sempre pronto a entrar em acção e a inalar “tigger balm”, na esperança de que a inalação da quase milagrosa pomada chinesa desentupa as vias nasais. Há ainda os que se tratam com chá de ai lia, versus gengibre.
Há outros que, mais abonados, vão à farmácia, a “apotek” de seu nome indonésio, munir-se de comprimidos. Outros tantos residentes estrangeiros recorrem aos serviços médicos disponibilizados pelos seus países.
E também os há menos afortunados de conhecimentos ou de sorte que ficam pacientemente à espera de que a doença passe com o tempo... que nem sempre é o melhor remédio.
Antes de todos os direitos, diz-nos a Constituição que a vida humana é inviolável e que o Estado reconhece e garante o direito à vida. Claro, há a defesa dos direitos humanos que abrangem, naturalmente, os prisioneiros.
Tal como existe o direito à saúde que, embora consignado na Constituição, não chega a todos. Não consta – pelo menos não dei por isso - que haja algum movimento a favor da ida do enorme número de timorenses gravemente doentes para tratamento no estrangeiro.
Irrealista?
Ok, aceitemos. O país é pobre! Não havendo, pois, tratamento igual para todos os timorenses, sempre deveremos aproveitar a estadia do navio hospital norte-americano que, durante duas semanas, estará ao largo de Díli e se deslocará a outros distritos, tratando, medicando, operando os timorenses...
Já é alguma coisa!
Com a devida vénia;
Ângela Carrascalão